sábado, 19 de setembro de 2009
Paraíso do saber
Ah!Minha escola!Rica em belezas!Pobre é minha língua que não encontra adjetivos suficientes para descrevê-la.Só um poeta criador de rimas raras seria capaz de fazê-lo com perícia e fidelidade, pois a escola onde trabalho é a própria personificação da beleza.Quando estou no aconchego do meu lar, fico a cismar nas doces lembranças das horas que passei nesse Éden terrestre.Sim, Éden!Porque essa escola é um pedaço do céu que ganhei por antecipação.Que jamais eu cometa algum erro que possa me expulsar desse paraíso.Sentiria-me mais nua que Adão e Eva ao serem descobertos.Às 13h , os portões se abrem e é como se abrisse o portal do céu.Anjos vestidos de azul e branco não caminham, sobrevoam o pátio coberto de pétalas de rosas perfumadas.Tento em vão detê-los, mas estão com pressa.O néctar do saber os aguarda na entrada das portas identificadas com letras talhadas a ouro com os nomes de cada anjo em alto relevo, tendo em cada inicial uma reluzente pedra de diamante.É um regozijo para a alma contemplar esses anjos sentados nas poltronas macias como como deve ser os divãns do lar celeste.A despedida é triste!O sinal, ao bater para irmos embora é um estrondo vindo das profundezas do inferno nos chamando para a dura realidade lá fora.Ainda inebriada do prazer divino caminho para o portão de saída com passos lentos e indecisos, mas a voz apressada do guarda noturno me acorda do sonho e eu desapareço na escuridão das ruas, levando comigo as doces impressões do dia maravilhoso que passei e um pavor me assombra.Temo que não possa mais retornar.Antes morrer!
sábado, 12 de setembro de 2009
Romântico ou parnasiano
Se eu me comparar à poesia, verei que sou uma mistura de romantismo e parnasianismo.O amor para mim é irracional, não vejo praticidade no amor.O amor é ilógico, não tem como amar calculando, medindo os próprios sentimentos ou o sentimento do outro.E por essa razão caí muitas vezes da ponte movediça do amor.Por não medir a distância entre a felicidade e o precipício.
Há indivíduos que tem a alma parnasiana.Estão sempre atentos com uma fita métrica invisível dentro do coração.Agem tanto com a razão que parecem ter a capacidade de medir o amor e o ódio.Enfim têm uma balança para saber o peso de cada um com o cuidado de não misturá-los.
Desde que foi inventada a palavra amor em todos os idiomas, sabemos que ele,o amor, não anda sozinho e é tão contraditório que nem o mais sensível dos poetas conseguiu explicá-lo.O amor é inexato e sem medidas.
Com o passar do tempo e maturidade tornei-me um tanto parnasiana.Calculo o tempo do amor e o tempo da dor e caso a balança envergue mais para o lado da dor eu desisto.O fardo da dor é por demais pesado e a razão que o tempo me deu de presente sem que eu lhe pedisse trouxe-me a lucidez própria dos parnasianos cuja principal característica é saber a medida exata da felicidade, no entanto por diversas vezes, a tesoura inexata do amor corta minha racionalidade em mil pedaços e eu volto a ser a mocinha romântica que jamais foi embora de mim, apenas adormeceu embalada pela canção da vida real.
Há indivíduos que tem a alma parnasiana.Estão sempre atentos com uma fita métrica invisível dentro do coração.Agem tanto com a razão que parecem ter a capacidade de medir o amor e o ódio.Enfim têm uma balança para saber o peso de cada um com o cuidado de não misturá-los.
Desde que foi inventada a palavra amor em todos os idiomas, sabemos que ele,o amor, não anda sozinho e é tão contraditório que nem o mais sensível dos poetas conseguiu explicá-lo.O amor é inexato e sem medidas.
Com o passar do tempo e maturidade tornei-me um tanto parnasiana.Calculo o tempo do amor e o tempo da dor e caso a balança envergue mais para o lado da dor eu desisto.O fardo da dor é por demais pesado e a razão que o tempo me deu de presente sem que eu lhe pedisse trouxe-me a lucidez própria dos parnasianos cuja principal característica é saber a medida exata da felicidade, no entanto por diversas vezes, a tesoura inexata do amor corta minha racionalidade em mil pedaços e eu volto a ser a mocinha romântica que jamais foi embora de mim, apenas adormeceu embalada pela canção da vida real.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Minha caixa de Pandora
Pandora era uma deusa que tinha o dom da curiosidade por isso abriu uma caixa de onde saiu monstros.
Todos possuem sua caixa de pandora.A minha guarda monstros terríveis,mas também criaturas fantásticas.Aprendi a conviver com todos embora muitas vezes haja brigas feias que deixam em mim marcas profundas, como o monstro do perdão que insiste em me obrigar a dar mais uma oportunidade para alguém que guarda dentro de sua caixa o mostro da ingratidão e da soberba.Nesse momento o estrago é grande.Os montros do bem se atracam com os do mal e eu fico sem saber de que lado fico, uma vez que o bem é sempre aquela coisinha plana sem sobressaltos ou emoções e o mal representa o inusitado, a adrenalina e o mistério.
Como minha principal característica é a rebeldia e o gosto por desafios, muitas vezes é difícil pular de cima do muro para o lado do bem, porém os valores que me foram passados através da minha família, acabam sempre me puxando para o lado certo(será?).É bem verdade que fica um certo vazio desconfortável com gosto de nada, mas a razão acaba colocando as coisas novamente em ordem dentro da caixa e tudo volta ao normal até outra briga recomeçar porque sempre há coisas dentro de mim com as quais devo lutar.E nem sempre vencer.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Receita de dizer o nome(releitura)
Dedicado ao meu neto
Pense em alguém especial
Num ser cujo o nome se confunde com amor
Olhe bem pra dentro de você
Imagine-se saindo do ventre da felicidade
O nome tem que rimar com beleza
Um diamante lapidado com esmero
A pronúncia tem que ser doce
Derreter na boca
Degustado como os deuses do Olimpo
Deliciam-se com manjares de raro sabor
Um nome não tão excêntrico nem tão simplório
Ao final da receita você terá um lindo nome: Pablo
Repita-o várias vezes ao dia
Até se transformar em uma canção.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Pontuação:Quantos pontos na minha vida!
Hoje,já madura, percebo que minha vida de menina sempre foi cercada de pontos por todos os lados.No começo eram os pontos de interrogação.Por que nasci menina?Por que tenho que lavar a louça enquanto meus irmãos vão jogar futebol? Por que insistem em me fazer acreditar na cegonha e no papai noel?As respostas vieram com o tempo,respostas que nem sempre me satisfaziam.
Com o tempo e vivência vieram os exclamativos.Eram tantas descobertas que me deixavam surpresa e maravilhada!Puxa vida!Eu posso viajar em uma história!Incrível!Abro um livro e o mocinho gentil e bonito me leva a lugares lindos!Que linda a neve no morro dos ventos uivantes!Ai,mas que medo!Lá vem Retclif como uma sombra se arrastando pela noite nevoenta.Está chamando Catherine!Mas ela está morta!Ele está louco!Louco de amor!
As vírgulas sempre me sugeriram separações,não me dou muito com elas,parecem uma espécie de ave agourenta de que algo quase sempre bom está para chegar ao fim, são meio covardes, ficam ali em cima do muro a espreitar não se sabe o quê.Enfim são umas chatas que nem para expressar ironia servem.Se eu pudesse acabava com todas elas, amigas inseparáveis do ponto final.
Ah!O ponto final.Quantas coisas me roubou tendo como cúmplice a irritante vírgula que não decide nada,mas dá palpites.A minha infância acabou.A minha adolescência terminou não sei quando.Ainda tenho resquícios da menina que fui.Fui, diz o ponto final e a vírgula confirma.Às vezes é tão cruel que nos dá notícias tristes acompanhado dos amigos reticências.Teu irmão...teu irmão...Nunca mais vais vê-lo.Ah,e as poesias que ele te declamava foram embora com ele.Conforma-te.A vida é assim mesmo.É como diz o ditado:"O ruim das coisas boas é que elas acabam.O bom das coisas ruins é que elas também acabam.
Eu, a pontuação vou estar sempre presente toda vez que alguém escrever um texto.Como agora.
Com o tempo e vivência vieram os exclamativos.Eram tantas descobertas que me deixavam surpresa e maravilhada!Puxa vida!Eu posso viajar em uma história!Incrível!Abro um livro e o mocinho gentil e bonito me leva a lugares lindos!Que linda a neve no morro dos ventos uivantes!Ai,mas que medo!Lá vem Retclif como uma sombra se arrastando pela noite nevoenta.Está chamando Catherine!Mas ela está morta!Ele está louco!Louco de amor!
As vírgulas sempre me sugeriram separações,não me dou muito com elas,parecem uma espécie de ave agourenta de que algo quase sempre bom está para chegar ao fim, são meio covardes, ficam ali em cima do muro a espreitar não se sabe o quê.Enfim são umas chatas que nem para expressar ironia servem.Se eu pudesse acabava com todas elas, amigas inseparáveis do ponto final.
Ah!O ponto final.Quantas coisas me roubou tendo como cúmplice a irritante vírgula que não decide nada,mas dá palpites.A minha infância acabou.A minha adolescência terminou não sei quando.Ainda tenho resquícios da menina que fui.Fui, diz o ponto final e a vírgula confirma.Às vezes é tão cruel que nos dá notícias tristes acompanhado dos amigos reticências.Teu irmão...teu irmão...Nunca mais vais vê-lo.Ah,e as poesias que ele te declamava foram embora com ele.Conforma-te.A vida é assim mesmo.É como diz o ditado:"O ruim das coisas boas é que elas acabam.O bom das coisas ruins é que elas também acabam.
Eu, a pontuação vou estar sempre presente toda vez que alguém escrever um texto.Como agora.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Estranho no ninho
Quem és tu caminheiro errante
Que perdeste o caminho de teu ninho
Em que becos sem destino te deitas
Deixando meus braços,leito que guarda teu sono?
Meu corpo é a tua casa
Que abriga um coração enamorado
Frasco fechado que se abre
quando precisas de um bálsamo para tua existência incerta
Te dei mil anos de minha juventude
Atravessei as portas do Olimpo
Roubei todas as taças do vinho de Hebe
E para mim não guardei uma só gota
Porque minha juventude és tu
Meus anos valem a partir do dia em que te conheci
Por que preferes farelos junto aos porcos
Se te ofereço um banquete junto aos deuses
Te entregas às paixões efêmeras
Enquanto o verdadeiro amor te persegue
Zeus invejaria o amor que despertas
Não precisas de nenhum artifício
Existes!Isto basta para que sejas amado!
Que perdeste o caminho de teu ninho
Em que becos sem destino te deitas
Deixando meus braços,leito que guarda teu sono?
Meu corpo é a tua casa
Que abriga um coração enamorado
Frasco fechado que se abre
quando precisas de um bálsamo para tua existência incerta
Te dei mil anos de minha juventude
Atravessei as portas do Olimpo
Roubei todas as taças do vinho de Hebe
E para mim não guardei uma só gota
Porque minha juventude és tu
Meus anos valem a partir do dia em que te conheci
Por que preferes farelos junto aos porcos
Se te ofereço um banquete junto aos deuses
Te entregas às paixões efêmeras
Enquanto o verdadeiro amor te persegue
Zeus invejaria o amor que despertas
Não precisas de nenhum artifício
Existes!Isto basta para que sejas amado!
sábado, 30 de maio de 2009
O tema PECADO no romance A LETRA ESCARLATE(Nathaniel Hawthorne)
THE SCARLET LETTER é uma história de adultério,mas é o preconceito que cerca esse fato que movimenta a trama.Hester Pryne é a personagem principal. Presa por cometer adultério, Hester é obrigada a carregar,bordada no vestido,a letra A. Do "pecado" de Hester, nasce Pérola. Hester sofre todo tipo de humilhação e preconceito dos habitantes de Salem,cidade provinciana da Nova Inglaterra onde a moral e os bons costumes estavam acima de tudo.
O pecado ou a maneira como é representado é um tema que compõe a narrativa do começo ao fim.O narrador onisciente não dá ao leitor a definição do que é pecado.O leitor é que vai tirando suas próprias conclusões ao longo da narrativa,porém há a intenção por parte do narrador em fazer o leitor acreditar naquilo que narra.
Já no capítulo introdutório intitulado"O EDIFÌCIO DA ALFÂNDEGA",o leitor,pela primeira vez tem contato com algo que ele supõe(pois o escritor não diz) ser um objeto que está ligado de alguma forma a algo condenável,pois o escritor diz sentir-se mal ao tocar o objeto."Pareceu-me então,-o leitor pode sorrir,mas não duvide de minha palavra,-pareceu-me que experimentei uma sensação não inteiramente,mas quase inteiramente,física de calor em brasa.Estremeci,e sem dar por isso deixei-o cair no chão"
Ao entrar no segundo capítulo,em que Hester sai da prisão,o leitor já terá se despedido do escritor e passa a ver os fatos por meio de um narrador em terceira pessoa e então é que o leitor fica sabendo a que se destinava o tecido vemelho dordado com a letra "A" cuidadosamente bordada pela própria usuária que a confeccionara com tanto gosto e apuro que o leitor tem a impressão de que ela faz questão de exibir o símbolo do seu pecado,como se a condenação a que a submeteram não a afligissem o espírito,pois o que a perturbava não era o desprezo das pessoas,mas sim a consciência que ela tinha de seu pecado."Com um sorriso de altivez e um fulgor nos olhos de quem não se sentia envergonhada,contemplou em volta a multidão da cidade e dos arredores.Sobre o peito de seu vestido,apareceu,de fino tecido vermelho,cercada de engenhoso bordado e de fantasiosos floreados de fios de ouro,a letra A.(capII,p.56.)
Pérola era a personificação do pecado de Hester e ela tinha tanta convicção disso que enxergava na filha algo de anormal,como se a menina possuísse dons sobrenaturais e fosse diferente das outras crianças por ter nascido de um pecado,do seu pecado e por esse motivo Hester temia pelo futuro de Pérola a quem dedicava todo seu amor."Contudo tais pensamentos determinavam em Hester Prynne,mais do que a esperança,apreensão.Sabia que seu ato fora mal;não podia,pois,esperar que o resultado do mesmo fosse bom.Dia após dia,observava,receosa,o natural expansivo da criança,temendo sempre descortinar algum desordenado e obscuro sintoma,que correspondesse à culpabilidade a que devia o ser"(Cap.VI,P.83)
Hester não era uma heroína qualquer.Sua altivez e dignidade diante da condenação a que fora imposta,faz com que o leitor a veja sob uma aura superior e a letra "A" vai crescendo numa dimensão tão grande que parece ser uma redoma que protege seu coração das maldades dos habitantes de Salem.Ela não precisa deles e nem da letra "A" para saber que pecou.O pecado não habita somente no coração de Hester.Ele está em toda parte para onde quer que ela olhe.O pecado é a covardia de Dismmedale que sofre calado sem no entanto ter coragem de confessar seu erro.Está na hipocrisia dos habitantes de Salem,os quais condenam Hester e no entanto usufruem dos serviços de bordadeira dela porque lhes é útil;está no ódio mortal de Chillingworth que tenta a todo custo penetrar na alma de Dismmendale para destruí-lo.
À medida que a narrativa vai se desenrolando,o narrador vai levantando questionamentos a respeito do que é realmente pecado.Tenta conseguir com seus fortes argumentos,o apoio do leitor para absolver Hester e consegue,pois quanto mais o leitor obtem informações a respeito de Hester,mais ele a absolve.E a absolvição é completa quando aparece em cena aquela figura estranha e monstruosa de Chillingworth,o marido de Hester.O leitor compreende porque Hester foi capaz de traí-lo.Chillingworth não inspira nenhuma simpatia,mesmo antes do leitor saber de seu papel na história.As descrições que o narrador faz de Chillingworth causa antipatia e repugnância."Era pequeno de estatura,as rugas sulcavam-lhe o rosto;mesmo assim,dificilmente se poderia julgar que era idoso...Hester Prynne reparou que um dos ombros dele era mais elevado que o outro.Novamente,logo que avistou aquele rosto franzino,e a leve deformidade de sua estatura,apertou a criança ao seio com tanta força que o pobre nenê soltou outro grito de dor"(Cap.III,P.61)
Ao encerrar a análise sobre THE SCARLET LETTER percebo que a letra"A" teve um destaque especial no romance.Eu diria que até que superou o papel de Hester,tal a humanização que foi emprestada à letra.Se a intenção do narrador era despertar no leitor a atenção para a significação do pecado,penso que ele conseguiu.As mudanças que o significado da letra "A" sofreu durante o curso da história faz com que o leitor pense que os habitantes de Salem,aqueles que condenaram Hester,enxerguem na letra os seus próprios pecados e a letra serviu como espelho de suas almas.Hester foi apenas instrumento condutor.
Aletra "A" cumpriu sua missão.
O pecado ou a maneira como é representado é um tema que compõe a narrativa do começo ao fim.O narrador onisciente não dá ao leitor a definição do que é pecado.O leitor é que vai tirando suas próprias conclusões ao longo da narrativa,porém há a intenção por parte do narrador em fazer o leitor acreditar naquilo que narra.
Já no capítulo introdutório intitulado"O EDIFÌCIO DA ALFÂNDEGA",o leitor,pela primeira vez tem contato com algo que ele supõe(pois o escritor não diz) ser um objeto que está ligado de alguma forma a algo condenável,pois o escritor diz sentir-se mal ao tocar o objeto."Pareceu-me então,-o leitor pode sorrir,mas não duvide de minha palavra,-pareceu-me que experimentei uma sensação não inteiramente,mas quase inteiramente,física de calor em brasa.Estremeci,e sem dar por isso deixei-o cair no chão"
Ao entrar no segundo capítulo,em que Hester sai da prisão,o leitor já terá se despedido do escritor e passa a ver os fatos por meio de um narrador em terceira pessoa e então é que o leitor fica sabendo a que se destinava o tecido vemelho dordado com a letra "A" cuidadosamente bordada pela própria usuária que a confeccionara com tanto gosto e apuro que o leitor tem a impressão de que ela faz questão de exibir o símbolo do seu pecado,como se a condenação a que a submeteram não a afligissem o espírito,pois o que a perturbava não era o desprezo das pessoas,mas sim a consciência que ela tinha de seu pecado."Com um sorriso de altivez e um fulgor nos olhos de quem não se sentia envergonhada,contemplou em volta a multidão da cidade e dos arredores.Sobre o peito de seu vestido,apareceu,de fino tecido vermelho,cercada de engenhoso bordado e de fantasiosos floreados de fios de ouro,a letra A.(capII,p.56.)
Pérola era a personificação do pecado de Hester e ela tinha tanta convicção disso que enxergava na filha algo de anormal,como se a menina possuísse dons sobrenaturais e fosse diferente das outras crianças por ter nascido de um pecado,do seu pecado e por esse motivo Hester temia pelo futuro de Pérola a quem dedicava todo seu amor."Contudo tais pensamentos determinavam em Hester Prynne,mais do que a esperança,apreensão.Sabia que seu ato fora mal;não podia,pois,esperar que o resultado do mesmo fosse bom.Dia após dia,observava,receosa,o natural expansivo da criança,temendo sempre descortinar algum desordenado e obscuro sintoma,que correspondesse à culpabilidade a que devia o ser"(Cap.VI,P.83)
Hester não era uma heroína qualquer.Sua altivez e dignidade diante da condenação a que fora imposta,faz com que o leitor a veja sob uma aura superior e a letra "A" vai crescendo numa dimensão tão grande que parece ser uma redoma que protege seu coração das maldades dos habitantes de Salem.Ela não precisa deles e nem da letra "A" para saber que pecou.O pecado não habita somente no coração de Hester.Ele está em toda parte para onde quer que ela olhe.O pecado é a covardia de Dismmedale que sofre calado sem no entanto ter coragem de confessar seu erro.Está na hipocrisia dos habitantes de Salem,os quais condenam Hester e no entanto usufruem dos serviços de bordadeira dela porque lhes é útil;está no ódio mortal de Chillingworth que tenta a todo custo penetrar na alma de Dismmendale para destruí-lo.
À medida que a narrativa vai se desenrolando,o narrador vai levantando questionamentos a respeito do que é realmente pecado.Tenta conseguir com seus fortes argumentos,o apoio do leitor para absolver Hester e consegue,pois quanto mais o leitor obtem informações a respeito de Hester,mais ele a absolve.E a absolvição é completa quando aparece em cena aquela figura estranha e monstruosa de Chillingworth,o marido de Hester.O leitor compreende porque Hester foi capaz de traí-lo.Chillingworth não inspira nenhuma simpatia,mesmo antes do leitor saber de seu papel na história.As descrições que o narrador faz de Chillingworth causa antipatia e repugnância."Era pequeno de estatura,as rugas sulcavam-lhe o rosto;mesmo assim,dificilmente se poderia julgar que era idoso...Hester Prynne reparou que um dos ombros dele era mais elevado que o outro.Novamente,logo que avistou aquele rosto franzino,e a leve deformidade de sua estatura,apertou a criança ao seio com tanta força que o pobre nenê soltou outro grito de dor"(Cap.III,P.61)
Ao encerrar a análise sobre THE SCARLET LETTER percebo que a letra"A" teve um destaque especial no romance.Eu diria que até que superou o papel de Hester,tal a humanização que foi emprestada à letra.Se a intenção do narrador era despertar no leitor a atenção para a significação do pecado,penso que ele conseguiu.As mudanças que o significado da letra "A" sofreu durante o curso da história faz com que o leitor pense que os habitantes de Salem,aqueles que condenaram Hester,enxerguem na letra os seus próprios pecados e a letra serviu como espelho de suas almas.Hester foi apenas instrumento condutor.
Aletra "A" cumpriu sua missão.
APELO(releitura da crônica de Fernando Sabino))
Querido,hoje faz um mês que você foi embora.Não senti de imediato sua falta.Bom ter a cama enorme só para mim,lavar a roupa de uma só vez sem usar a máquina várias vezes.
Com o passar dos dias comecei a sentir falta das pequenas coisas que você fazia e que eu só agora me dou conta.Sinto falta dos apelidos carinhosos,da sua voz grave me pedindo a toalha de banho que você sempre esquecia.O cheiro das suas roupas não me faz mais companhia e a solidão tomou seu lugar.
Eu reclamava do seu vício do cigarro,não gostava do cheiro e agora fico torcendo para que o vizinho do apartamento fume só para eu sentir sua presença.
À noite,na hora do banho uso qualquer sabonete sem olhar marca ou fragrância.Tomei birra daquela camisola que você gostava.Estou a ponto de cortá-la em pedacinhos como você fez com minha vida quando partiu.
Por favor,volte.Para inundar a casa com odor de cigarro,trocar o canal da TV quando estou assistindo meu programa favorito.Aceito de volta todos os teus defeitos,menos tua ausência que a cada dia se torna mais insuportável.
Com o passar dos dias comecei a sentir falta das pequenas coisas que você fazia e que eu só agora me dou conta.Sinto falta dos apelidos carinhosos,da sua voz grave me pedindo a toalha de banho que você sempre esquecia.O cheiro das suas roupas não me faz mais companhia e a solidão tomou seu lugar.
Eu reclamava do seu vício do cigarro,não gostava do cheiro e agora fico torcendo para que o vizinho do apartamento fume só para eu sentir sua presença.
À noite,na hora do banho uso qualquer sabonete sem olhar marca ou fragrância.Tomei birra daquela camisola que você gostava.Estou a ponto de cortá-la em pedacinhos como você fez com minha vida quando partiu.
Por favor,volte.Para inundar a casa com odor de cigarro,trocar o canal da TV quando estou assistindo meu programa favorito.Aceito de volta todos os teus defeitos,menos tua ausência que a cada dia se torna mais insuportável.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Pride and Prejudice "Mr. Collins"
ORGULHO E PRECONCEITO é uma história narrada em terceira pessoa.Jane Austen relata os fatos e os acontecimentos do séc.XVIII da sociedade inglesa.Avida na sociedade é exposta com seu luxo,sua arrogância e seu romantismo burguês.Várias personagens compõem o romance,enriquecendo-o ao longo da narrativa,pois cada uma possui uma característica própria.Entre essas personagens está Mr.Collins e é ele que será analisado aqui.
Mr.Collins é o protótipo do chato,porém seria injustiça atribuir-lhe apenas esse adjetivo.Ele cria situações mais engraçadas que constrangedoras,dando um toque de humor à narrativa.É uma personagem que permanece até o final da narrativa com as mesmas características do início.Ele aparece pela primeira vez no cap.XIII por meio de um diálogo entre Mrs. Bennet e Mr Bennet.Pela conversa dos dois,o leitor já fica sabendo que Mr Collins não é uma personagem qualquer e que irá movimentar a trama.
Vejamos um trecho do diálogo"-Há um mês atrás recebi esta carta...É do meu primo MrCollins,que,quando eu morrer,poderá expulsá-las desta casa,assim que desejar."(cap.XII,p.61)
Collins age de acordo com as circunstâncias,sem remar contra a maré.Ele precisava garantir seu espaço dentro de uma sociedade capitalista e preconceituosa e por isso não se dava ao luxo de ter certos escrúpulos,como por exemplo,não poupar elogios e bajulações aos privilegiados pela riqueza.Era protegido por lady Catherine,senhora rica e poderosa a quem ele idolatrava acima de tudo.As cenas em que ele aparece com Lady Catherine são as mais engraçadas.Durante um jantar com Mr. Bennet e sua família,Collins falou o tempo inteiro de lady Catherine,entediando Mr.Bennet."O primo era tão absurdo quanto ele esperava...Deliciava-se sozinho com o espetáculo,e às vezes atirava um olhar furtivo e malicioso para Elizabeth"(cap.XV,p.66)
Apesar de ser extremamente inconveniente,Mr Collins tinha plena Consciência de seu papel na sociedade e por esse motivo adaptava-se facilmente às situações sem perder tempo com coisas que julgava pequenas.A prova disto foi quando Elizabeth recusou seu pedido de casamento.Ao invés de ficar se lamentando,ele tratou logo de arranjar outra noiva e inclusive admitiu que Elizabeth não seria uma boa esposa para ele."...mas se ela é realmente teimosa e tola não sei se neste caso será uma esposa desejável para um homem na minha situação,que naturalmente procura a felicidade no casamento."(cap.XX,p.105).
O narrador mostra a praticidade de Collins com uma ironia sutil.Ao ser rejeitado por Elizabeth,Mr. Collins logo em seguida "apaixona-se" por Charlotte,melhor amiga de Elizabeth.Há uma pitadinha de ironia quando o narrador fala sobre a saudade que Collins sentirá de sua amada Charlotte."Depois de uma semana passada em declarações de amor e projetos de felicidade,a chegada do sábado veio privar Mr Collins da companhia da sua amada Charlotte".(cap.XXV,p.131).
Collins faz questão de parecer um "gentleman" e no afã de agradar as pessoas,comete as mais desastrosas gafes.É cômica a cena em que ele elogia as primas por achar que foram elas as responsáveis pelo maravilhoso jantar.A mãe das moças fica ofendida."O jantar também foi altamente apreciado,e Mr Collins desejou saber a qual das belas primas deveria atribuir a excelência daqueles jantares.Mrs. Bennet respondeu um tanto asperamente que a família podia perfeitamente pagar uma cozinheira e que suas filhas nada tinham a fazer na cozinha."(cap.XIII,p.65)
Quando Collins começa a falar de lady Catherine,o leitor fica torcendo para que chegue alguém que corte o seu entusiasmo.Ele a bajula tanto que se tem a impressão de que a qalquer momento,o gentil homem se estenderá ao chão para servir de tapete a ela e o que é pior,se sentindo honrado com isso.Durante um passeio pelas propriedades de lady Catherine,Collins,certo de que os visitantes seriam incapazes de perceber as belezas do local,vai mostrando e descrevendo cada detalhe com uma preocupação irritante."Todos os parques têm as suas belezas e suas perspectivas.Elizabeth o achou bonito,embora não visse motivo para os êxtases de Mr.Collins.A enumeração que este fez das janelas da fachada da frente e a sua revelação da soma que tudo aquilo custara a Sir Lewis de Bourghn a impressionaram pouco"(cap.XXIX,p.150)
Mr Collins não se contentava em bajular lady Catherine sozinho,tentava por todos os meios conseguir adeptos para o seu servilismo,sem sucesso porém,porque só ele com sua idolatria cega seria capaz de enxergar alguma qualidade em lady Catherine.Elizabeth faz um comentário a este respeito."Mr.Collins-disse Elizabeth-fala muito bem tanto de lady Catherine como da filha,mas certos detalhes que ele relatou acerca daquela senhora me fazem suspeitar que a gratidão o torna cego e que, apesar de ser sua protetora,ela é uma mulher arrogante e convencida"(cap.XVI,p.81)
Mr. Collins se preocupava tanto com a opinião de lady Catherine que chegava ao absurdo de opinar a respeito das roupas que as moças deveriam usar para visitá-la,como se fosse um "expert" em figurinos."Lady Catherine está longe de exigir de nós a elegância que ela e a filha ostentam.Aconselho-a apenas a pôr o seu vestido mais elegante...Ela gosta de manter as distinções de classe"(cap.XXIX,p.149)
Após tantos exemplos a respeito do caráter de Mr. Collins,julgo que não será necessário me prolongar mais nesta questão.Quem aprecia a boa leitura certamente se deleitará com as trapalhadas de Mr Collins,o chato mais engraçado e divertido de Jane Austen.
Mr.Collins é o protótipo do chato,porém seria injustiça atribuir-lhe apenas esse adjetivo.Ele cria situações mais engraçadas que constrangedoras,dando um toque de humor à narrativa.É uma personagem que permanece até o final da narrativa com as mesmas características do início.Ele aparece pela primeira vez no cap.XIII por meio de um diálogo entre Mrs. Bennet e Mr Bennet.Pela conversa dos dois,o leitor já fica sabendo que Mr Collins não é uma personagem qualquer e que irá movimentar a trama.
Vejamos um trecho do diálogo"-Há um mês atrás recebi esta carta...É do meu primo MrCollins,que,quando eu morrer,poderá expulsá-las desta casa,assim que desejar."(cap.XII,p.61)
Collins age de acordo com as circunstâncias,sem remar contra a maré.Ele precisava garantir seu espaço dentro de uma sociedade capitalista e preconceituosa e por isso não se dava ao luxo de ter certos escrúpulos,como por exemplo,não poupar elogios e bajulações aos privilegiados pela riqueza.Era protegido por lady Catherine,senhora rica e poderosa a quem ele idolatrava acima de tudo.As cenas em que ele aparece com Lady Catherine são as mais engraçadas.Durante um jantar com Mr. Bennet e sua família,Collins falou o tempo inteiro de lady Catherine,entediando Mr.Bennet."O primo era tão absurdo quanto ele esperava...Deliciava-se sozinho com o espetáculo,e às vezes atirava um olhar furtivo e malicioso para Elizabeth"(cap.XV,p.66)
Apesar de ser extremamente inconveniente,Mr Collins tinha plena Consciência de seu papel na sociedade e por esse motivo adaptava-se facilmente às situações sem perder tempo com coisas que julgava pequenas.A prova disto foi quando Elizabeth recusou seu pedido de casamento.Ao invés de ficar se lamentando,ele tratou logo de arranjar outra noiva e inclusive admitiu que Elizabeth não seria uma boa esposa para ele."...mas se ela é realmente teimosa e tola não sei se neste caso será uma esposa desejável para um homem na minha situação,que naturalmente procura a felicidade no casamento."(cap.XX,p.105).
O narrador mostra a praticidade de Collins com uma ironia sutil.Ao ser rejeitado por Elizabeth,Mr. Collins logo em seguida "apaixona-se" por Charlotte,melhor amiga de Elizabeth.Há uma pitadinha de ironia quando o narrador fala sobre a saudade que Collins sentirá de sua amada Charlotte."Depois de uma semana passada em declarações de amor e projetos de felicidade,a chegada do sábado veio privar Mr Collins da companhia da sua amada Charlotte".(cap.XXV,p.131).
Collins faz questão de parecer um "gentleman" e no afã de agradar as pessoas,comete as mais desastrosas gafes.É cômica a cena em que ele elogia as primas por achar que foram elas as responsáveis pelo maravilhoso jantar.A mãe das moças fica ofendida."O jantar também foi altamente apreciado,e Mr Collins desejou saber a qual das belas primas deveria atribuir a excelência daqueles jantares.Mrs. Bennet respondeu um tanto asperamente que a família podia perfeitamente pagar uma cozinheira e que suas filhas nada tinham a fazer na cozinha."(cap.XIII,p.65)
Quando Collins começa a falar de lady Catherine,o leitor fica torcendo para que chegue alguém que corte o seu entusiasmo.Ele a bajula tanto que se tem a impressão de que a qalquer momento,o gentil homem se estenderá ao chão para servir de tapete a ela e o que é pior,se sentindo honrado com isso.Durante um passeio pelas propriedades de lady Catherine,Collins,certo de que os visitantes seriam incapazes de perceber as belezas do local,vai mostrando e descrevendo cada detalhe com uma preocupação irritante."Todos os parques têm as suas belezas e suas perspectivas.Elizabeth o achou bonito,embora não visse motivo para os êxtases de Mr.Collins.A enumeração que este fez das janelas da fachada da frente e a sua revelação da soma que tudo aquilo custara a Sir Lewis de Bourghn a impressionaram pouco"(cap.XXIX,p.150)
Mr Collins não se contentava em bajular lady Catherine sozinho,tentava por todos os meios conseguir adeptos para o seu servilismo,sem sucesso porém,porque só ele com sua idolatria cega seria capaz de enxergar alguma qualidade em lady Catherine.Elizabeth faz um comentário a este respeito."Mr.Collins-disse Elizabeth-fala muito bem tanto de lady Catherine como da filha,mas certos detalhes que ele relatou acerca daquela senhora me fazem suspeitar que a gratidão o torna cego e que, apesar de ser sua protetora,ela é uma mulher arrogante e convencida"(cap.XVI,p.81)
Mr. Collins se preocupava tanto com a opinião de lady Catherine que chegava ao absurdo de opinar a respeito das roupas que as moças deveriam usar para visitá-la,como se fosse um "expert" em figurinos."Lady Catherine está longe de exigir de nós a elegância que ela e a filha ostentam.Aconselho-a apenas a pôr o seu vestido mais elegante...Ela gosta de manter as distinções de classe"(cap.XXIX,p.149)
Após tantos exemplos a respeito do caráter de Mr. Collins,julgo que não será necessário me prolongar mais nesta questão.Quem aprecia a boa leitura certamente se deleitará com as trapalhadas de Mr Collins,o chato mais engraçado e divertido de Jane Austen.
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